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Novena em honra a São Francisco de Assis

Atualizado: 30 de set. de 2024

São Francisco abraçando Cristo na Cruz - Bartolomé Esteban Murillo

Primeiro dia

Humildade de São Francisco


Exatamente na mesma medida em que S. Francisco se tornou grande aos olhos dos homens, tornou-se pequeno aos seus. Considerava-se o maior pecador do mundo e nunca poderia ser induzido a receber o sacerdócio. A fim de se rebaixar na opinião daqueles que veneravam as suas virtudes, publicava as suas faltas e fazia com que os seus companheiros lhe fizessem injúrias e censuras; depois, após ouvi-las com um semblante cheio de alegria, agradecia-lhes por lhe terem dito a verdade sem disfarces. Era a sua maior felicidade obedecer aos outros; embora fosse o fundador da sua Ordem, renunciava ao seu governo e dizia que obedeceria tão alegremente ao mais novo como ao mais velho da Ordem. A Santa Igreja, melhor juiz da virtude, chama-lhe por excelência o humilde S. Francisco, e diz-se que, como recompensa da sua profunda humildade, Deus lhe deu um dos mais altos lugares deixados vagos pelos anjos rebeldes, cujo orgulho foi a causa da sua queda.


Oração


Ó Doce Salvador, foi na Vossa escola que S. Francisco estudou a humildade profunda e nela avançou a passos largos; e eu, que estou coberto de pecados, não sou capaz de dominar o orgulho do meu coração. Que a Vossa santa graça me ajude a humilhar-me como devo e, a fim de que o espírito de orgulho nunca mais me leve ao erro, fazei que, como S. Francisco, eu possa abraçar as humilhações da Vossa Cruz. Ó glorioso São Francisco, que eu me esforce sempre por imitar a tua humildade: que eu goste, como tu, de me ver desprezado por todos os homens, e que nunca me esqueça que a minha verdadeira felicidade não consiste nas honras deste mundo, mas em sofrer humilhações e alegrar-me com elas por amor de Deus. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória



Segundo dia

Sobre a pobreza de São Francisco


Pode-se dizer que a pobreza evangélica foi a virtude preferida de São Francisco. Pressionado pelo pai a renunciar ao seu patrimônio, renunciou a tudo, até à última peça de roupa, e desde esse momento escolheu a pobreza como herança. Pareceu-lhe um dom inestimável, que ele implorou a Deus com muitas orações e lágrimas. Quando estava em Roma, rogou aos santos Apóstolos Pedro e Paulo que lho obtivessem; e eles, encantados com tão sublime oração, asseguraram-lhe que Deus lhe concedia o favor que pedia. Chamava à pobreza sua irmã, sua mãe, sua esposa, sua rainha; falava dela com profunda emoção; lamentava que os homens a tivessem negligenciado tão completamente, e fazia tudo o que estava ao seu alcance para que a estimassem e amassem. Se via alguém mais pobre e mais indigente do que ele, fazia disso motivo de santa reprovação e despertava no seu coração um grande ciúme para não ser ultrapassado no amor pela sua querida pobreza. Numa palavra, nunca ninguém desejou tão ardentemente as riquezas como ele desejou ser pobre por amor a Deus.


Oração


Ó meu Jesus, quem pode deixar de se comover ao considerar a pobreza que Vós e Vossa Santa Mãe suportaram por nós? São Francisco meditava nisto com frequência e com lágrimas; e logo que descobriu a excelência de uma virtude tão estimada e amada por Vós, abraçou-a com ardor e não podia encontrar repouso senão na sua posse. Ó Senhor, fazei que, movido por tão fortes exemplos, eu me despoje de toda a afeição desordenada pelas coisas deste mundo, para que possa dizer verdadeiramente, com o meu Seráfico Pai: Meu Deus e meu tudo.

Obtende-me, ó Pai Santo, uma gota daquela doçura que encontrastes na prática da pobreza; que eu não a veja mais com os olhos de um mundo insensato, mas com os vossos, e seja atraído pelos encantos que adquiriu da vida pobre e humilde de Jesus e Maria. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória



Terceiro dia

Sobre a mortificação de São Francisco


Um dos bem-aventurados companheiros do nosso Santo Padre disse que, se São Francisco tivesse tido a constituição forte e a saúde robusta que desejava, ninguém teria levado uma vida tão mortificada e penitente como ele. Desde o início de sua vida religiosa, ele observava tantas quaresmas por ano, que apenas um pequeno intervalo se passava entre cada uma, de modo que seu jejum era quase perpétuo. O seu prato preferido consistia em algumas ervas temperadas com cinzas ou água fria. Sempre que, por motivo de doença, se via obrigado a comer carne, tinha o cuidado de compensar essa indulgência, logo que recuperava, redobrando as suas austeridades. O cilício, a disciplina, as longas vigílias e as lágrimas eram as suas delícias. Vencia as tentações rolando na neve do inverno, em espinhos ou em brasas; procurava constantemente novos meios de mortificar a carne, e habituara o corpo ao sofrimento, de tal modo que parecia perfeitamente submetido ao espírito; a tal ponto que, quando o espírito desejava praticar algum ato de virtude, o corpo, longe de se rebelar, parecia, pelo contrário, cooperar de bom grado na sua execução.


Oração


Ó meu querido Redentor, que diferença entre a conduta de S. Francisco e a minha! Ele levava uma vida tão pura e tratava-se com tanta severidade; e eu, depois de tantos pecados, só procuro satisfazer-me e o próprio nome de penitência enche-me de medo. Ó meu Deus, que o seu exemplo me desperte deste perigoso repouso e me incite a sofrer mil mortes, em vez de Vos ofender satisfazendo a minha sensualidade; e é esta a resolução que tomo com o auxílio da vossa santa graça.

Ó ilustre penitente, que na tua última hora pediste perdão ao teu corpo por o teres tratado com tanto rigor, não permitais que, por uma falsa ternura, eu deixe de mortificar o meu durante esta vida, para que, na hora da morte, não me arrependa em vão dos cuidados que lhe dediquei. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória




Quarto dia

Sobre a paciência de São Francisco


Quando São Francisco teve pela primeira vez a visão de Jesus crucificado, ouviu-o dizer estas palavras: “Se queres vir após mim, nega-te a ti mesmo, toma a tua cruz e segue-me”. Logo que ouviu isto, abraçou a cruz com paciência heroica, e ao longo de toda a vida perfeita que se comprometeu a levar, teve muitas ocasiões de a praticar no mais alto grau. As suas austeridades tinham-no tornado pálido e lânguido, as pessoas pensavam que ele tinha perdido o uso da sua razão e faziam-no objeto de escárnio; atacavam-no com gritos e insultos, e chegavam mesmo a atirar-lhe lama e pedras; mas ele passava como se não se apercebesse disso. Suportou com a mesma tranquilidade os maus tratos de seu pai, dos ladrões, dos sarracenos e até dos demônios. Sofreu muitas dores e doenças graves; e, particularmente nos últimos anos da sua vida, sofreu tanto que parecia quase um esqueleto. No entanto, ele considerava esses sofrimentos como muitos presentes de Deus.


Oração


Ó meu Salvador, quando é que também eu encontrarei tanta alegria nas dores e nos sofrimentos, como nas doçuras e nas consolações? Ah! Basta-me pensar na Tua amarga paixão para o fazer. Então adorarei e amarei em tudo a Tua Divina Vontade. Peço-Te isso com a mais profunda humildade de coração; tenho a certeza de que mo concederás e desde já Vos agradeço todas as aflições que Vos aprouver enviar-me. Ai de mim! Se me mandásseis mil vezes mais, nunca seriam proporcionais aos meus pecados.

Ó glorioso S. Francisco, que a tua paciência me sustente e me convença da grande verdade que amaste ensinar: que a perfeita felicidade e a verdadeira glória dos que servem a Deus consistem em sofrer voluntariamente por seu amor. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória




Quinto dia

Sobre o amor de São Francisco a Deus


São Francisco estava tão inflamado pelo amor divino, que parecia um serafim e recebeu o título de Seráfico. Na sua juventude, tomou a sublime resolução de nunca recusar nada que lhe fosse pedido por amor de Deus. Foi este amor que o despojou de tudo o que possuía; foi este amor que o levou três vezes ao meio dos infiéis, para derramar o seu sangue pela glória de Deus; este amor foi o princípio de todos os seus trabalhos para a salvação do próximo; pois ele acreditava ser impossível ser amado por Deus, a não ser que fizesse tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar as almas compradas com o Sangue de Jesus Cristo. Só de mencionar o amor de Deus, São Francisco ardia num fogo celestial, e isso era muitas vezes a causa de seus extraordinários langores e êxtases. Em suma, como dizia S. Francisco de Sales, a morte do nosso Santo Padre foi causada pelo ardor do amor divino.


Oração


Ó meu Deus, não foi sem razão que São Boaventura comparou São Francisco a um carvão em brasa, todo consumido pelo fogo do Vosso amor. Que vergonha para mim, que, enquanto as criaturas serviam ao nosso santo Pai como degraus para subir até Vós, são para mim uma ocasião constante de ofender a Vossa Majestade Infinita e de negligenciar o Vosso serviço! Perdoai-me, Senhor, e concedei-me apenas uma centelha daquele fogo santo que consumiu o Vosso servo, para que, como ele, eu não tenha mais nenhum desejo senão agradar-Vos e consagrar-me inteiramente à glória do Vosso santo nome.

Ó Serafim de amor, que o Teu exemplo atraia todas as minhas inclinações para esse abismo de bondade, para que, doravante, eu não encontre dor senão no que ofende a Deus, nem consolação senão no trabalho e no sofrimento por Seu amor. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória




Sexto dia

A caridade de São Francisco para com o próximo


Se alguém tivesse podido penetrar no coração de São Francisco, teria descoberto nele uma maravilhosa combinação de bondade e amor ao próximo. Na sua juventude, despojou-se das suas vestes para vestir um pobre soldado, e noutras ocasiões dividiu-as para dar uma parte aos necessitados. Servir os que sofriam de lepra era uma das suas ocupações favoritas; nos sofrimentos dos outros contemplava os que Jesus Cristo suportou por nós, e sempre que lançava os olhos sobre um pobre, o seu coração era movido pela compaixão. Mas a salvação das almas era o principal objeto da sua caridade; desejava, se fosse possível, converter e santificar todas as nações da terra; para esse fim não cessava de trabalhar e rezar; não contente com empregar os seus discípulos na obra, trabalhava pessoalmente pela salvação das almas, percorrendo províncias e reinos; e a vinha do Senhor, regada com o seu suor, produzia maravilhosos frutos de graça, entre os quais principalmente a Ordem Terceira.


Oração


Ó meu Jesus, como estou longe de imitar esses brilhantes exemplos de caridade cristã! Quantas vezes o amor-próprio não me faz esquecer os meus deveres para com os outros! Ó Senhor, arrependo-me sinceramente da minha dureza de coração; doravante olharei para cada um dos meus irmãos como um segundo eu; e como o pecado é a maior desgraça que lhes pode acontecer, peço-Te, ó meu Deus, que me aflijas como Te aprouver, mas que te dignes preservá-los de tão grande mal.

E vós, ó Pai santo e compassivo, obtende-me um coração como o vosso, com o qual eu possa considerar o meu próximo, não segundo os ditames do amor-próprio, mas segundo os da terna caridade que me liga a ele na profissão da mesma Fé, e na imitação da vida, e na prática dos ensinamentos do nosso Divino Senhor. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória




Sétimo dia

A devoção de São Francisco aos mistérios

da vida de Nosso Senhor


São Francisco preparava-se para as principais festas observando longas quaresmas, durante as quais não só jejuava, mas também passava o tempo em meditações fervorosas e outros exercícios de sólida piedade. Tinha uma grande devoção pela Natividade de Nosso Senhor e celebrava-a de maneira tão terna e comovente que todos se comoviam extraordinariamente. Para recompensar o seu servo, Nosso Senhor dignou-se repousar sob a forma de criança, no presépio que São Francisco tinha preparado. O santo patriarca derramava lágrimas amargas quando pensava na paixão de Nosso Salvador; esta era ao mesmo tempo o seu modelo, o seu livro e o tema ordinário dos seus discursos. Era impossível vê-lo comunicar sem ser penetrado de devoção, e a inefável doçura que aí experimentava levava-o muitas vezes ao êxtase.


Oração


Ó doce Jesus! Os Vossos mistérios foram uma mina celeste, de onde S. Francisco tirou imensos tesouros de santidade; e julgo honrá-los muito, quando faço languidamente alguns exercícios exteriores de piedade, com a mente cheia de mil vaidades. Ensinai-me, Senhor, o que quereis que eu faça. Eu adoro e amo-Vos na Vossa vida, paixão e morte; dignai-Vos mostrar-me os Vossos caminhos e os meus deveres.

E vós, S. Francisco, modelo perfeito de devoção, ajudai-me a louvar a Deus, não só com os lábios, mas também com o coração, pelas minhas ações e por toda a minha vida. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória




Oitavo dia

Sobre os Sagrados Estigmas de São Francisco


A vida de S. Francisco teve muitos pontos semelhantes à de Nosso Divino Senhor; mas a impressão das Chagas de Jesus no corpo do Seu santo servo foi a perfeição e o selo dessa divina conformidade. O nosso Salvador apareceu-lhe sob a forma de um Serafim luminoso crucificado; e depois de ter ferido o seu coração de amor pela contemplação da sua beleza arrebatadora e por palavras misteriosas de inefável doçura, feriu o próprio corpo do seu servo, imprimindo-lhe nas mãos, nos pés e no lado uma imagem real das chagas que recebera pela salvação do mundo. Isto foi acompanhado de uma angústia excessiva, que o santo patriarca suportou durante os dois anos que aprouve a Deus dispensar-lhe para manifestar aos olhos dos homens as marcas preciosas da nossa redenção.


Oração


Quem, Senhor, pode louvar- Vos dignamente por uma obra tão admirável? Quisestes que as chagas do Vosso servo, recordando as Vossas, nos incitassem a prestar-Vos amor pelo benefício inestimável da Vossa amarga paixão: sede para sempre bendito por este sinal do Vosso cuidado paternal! Dignai-Vos, ó Deus, realizar o desejo que me inspira a visão dessas santas chagas; fazei que eu morra para o mundo e para mim mesmo, para viver unicamente para Vós.

Aumentai, ó Pai bendito, pelos ardores do Vosso amor, os sentimentos que as Vossas santas chagas despertam em mim; para que, saudando-as com profundo respeito, eu possa compreender as palavras que elas me sussurram: “Amai ternamente esse Deus que, por excesso de bondade, se dignou sofrer e morrer por amor de Vós”.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória




Nono dia

Sobre a feliz morte de São Francisco


A morte de S. Francisco foi um dos espetáculos mais comoventes que o mundo já viu. Na sua última hora, recordando a nudez do nosso Salvador na cruz, estendeu-se nu sobre a terra para o imitar. O Superior ofereceu-lhe um hábito, dizendo que lho emprestava como esmola; e S. Francisco, feliz por ser fiel até à morte à sua querida pobreza, recebeu-o com ação de graças. Pediu-lhes que lessem em voz alta a história da paixão segundo S. João; depois recitou o Salmo 141 e, enquanto recitava o último versículo: “Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu nome: os justos esperam por mim até que me recompenses” , entregou docemente a sua alma a Deus. Essa alma santa foi vista a subir à glória eterna, como uma bela estrela que sobe aos céus; o seu corpo ficou na terra, já não magro e gasto, mas jovem e maravilhosamente branco, tornado belo pelos estigmas recebidos do seu Senhor.


Oração


Ó meu Jesus, como é preciosa a morte dos teus santos! São Francisco, ao aproximar-se, expressou com fervorosas ações de graças o excesso de sua alegria e pediu a seus irmãos que o ajudassem a cantar Vossos louvores. Concede-me a graça de levar uma vida semelhante à dele, para que, como ele, eu possa morrer a morte dos Santos.

Ó Santo Padre, pedi este favor para o Vosso indigno filho. Fazei que eu seja humilde e mortificado, paciente e caridoso; e quando chegar a minha última hora, aproximai-vos e socorrei-me, e levai-me aos pés do vosso Senhor e meu. Amém.


Três Padres-Nossos, Ave-Marias e Glória




*Retirado do livro: MANUAL DA ARQUICONFRARIA DO CORDÃO DE S. FRANCISCO - 1878



"Deus meus et omnia"

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São Francisco, rogai por nós! 🙏🏼

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Laus Deo 🙏🏼🕯

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